Do tempo da produção aos tempos da educação. Para uma análise da subjugação do educativo ao imediato e ao utilitário.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25757/invep.v12i2.307

Palavras-chave:

Educação, Responsabilidade, Desigualdades, Neoliberalismo

Resumo

Em tempos de tecnocracia, as questões associadas ao Direito à Educação têm sido preteridas em favor de um determinismo económico-financeiro, predominante na sociedade hegemonizada pelo neoliberalismo. Espelho disto mesmo são as orientações educativas provindas de organizações transnacionais, como a Comissão Europeia ou a OCDE, centralizando as prioridades da ação educativa em questões como o empreendedorismo, a empregabilidade e as lógicas empresariais. O tempo da produção, definido pelo pragmatismo regulador que invade e coloniza o tempo humano da relação, ganha uma nova centralidade nos discursos e práticas educativas. O presente artigo pretende definir e analisar os efeitos do que designamos por imperialismo do útil, sublinhando a importância de devolver às práticas e aos discursos educacionais um sentido crítico, humanizador e socialmente justo.

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Biografias Autor

Joana Vaz Ferreira, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Doutoranda em Ciências da Educação, especialidade em Educação, Desenvolvimento Comunitário e Formação de Adultos, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de Coimbra. Mestre em Educação e Intervenção Social, especialização em Ação Psicossocial em Contextos de Risco, e licenciada em Animação Sociocultural.

Os interesses de investigação e de intervenção centram-se nas temáticas ligadas ao desenvolvimento comunitário, comportamento humano, exclusão social, proteção internacional da pessoa humana, entre outros, assim como na intervenção emancipatória de pessoas e grupos em circunstâncias de vulnerabilidade/desvantagem.

Hugo Monteiro, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Doutor em Filosofia e professor na Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto. É também investigador no Instituto de Filosofia Moderna da Faculdade de Letras - Universidade do Porto. A sua investigação incide preferencialmente na Filosofia Contemporânea, na sua interseção com os domínios da Literatura, da Política e da Educação. Dedica especial atenção à Desconstrução e às obras de Jacques Derrida, de Jean-Luc Nancy e de Maurice Blanchot. Tem publicação nacional e internacional nos domínios da Filosofia, da Educação e das várias inflexões do pensamento crítico contemporâneo.

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Publicado

28-09-2022

Como Citar

Vaz Ferreira, J., & Monteiro, H. (2022). Do tempo da produção aos tempos da educação. Para uma análise da subjugação do educativo ao imediato e ao utilitário. Da Investigação às Práticas: Estudos De Natureza Educacional, 12(2), 33–54. https://doi.org/10.25757/invep.v12i2.307

Edição

Secção

Artigos