Momentos de pesquisas sobre relações raciais e relações de classe entre crianças no Brasil

Autores

  • Ethel V. Kosminsky Universidade Estadual Paulista (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.25757/invep.v2i2.48

Resumo

Este artigo trata de dois estudos de caso da identidade social e étnico-racial de crianças e, especificamente, do seu processo de socialização racial. O primeiro caso se refere às crianças em estado de pauperização, internadas em instituições assistenciais nas cidades de São Paulo e de Marília, estado de São Paulo. De acordo com as informações, concluímos que a criança institucionalizada é submetida a um processo de “participação-exclusão”, agravado
pela ausência da família e pelo preconceito social, por ser pobre e institucionalizada, e étnicoracial, por ser negra. A criança, de modo semelhante à criança da periferia de São Paulo, internaliza esse sentimento de baixa-estima, chamando umas às outras por termos raciais pejorativos. A segunda pesquisa trata de meninas e de adolescentes que trabalham como empregadas domésticas, na cidade de Marília. As informações mostram que elas são estigmatizadas por trabalharem como domésticas. A maior parte das meninas e jovens são negras e sofrem na escola, sendo chamadas de termos raciais derrogatórios. Elas se vêm a si
próprias através de várias denominações de cor da pele, algumas desejando serem consideradas brancas, e somente algumas se identificando como negras.

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Como Citar

Kosminsky, E. V. (2015). Momentos de pesquisas sobre relações raciais e relações de classe entre crianças no Brasil. Da Investigação às Práticas: Estudos De Natureza Educacional, 2(2), 18–36. https://doi.org/10.25757/invep.v2i2.48

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