Didática da Língua Materna e Metodologia de Trabalho de Projeto: Diálogos e Interseções

Autores

  • Patricia Ferreira Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Lisboa http://orcid.org/0000-0003-2423-4533
  • Antónia Estrela Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Lisboa; Universidade Nova de Lisboa http://orcid.org/0000-0002-5170-4468
  • Ana Luísa Oliveira EB1/ JI Manuel Coco Morada: Praceta Irene Lisboa, 2675-547 Odivelas
  • Ana Abrantes Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Morada: Alameda da Universidade, 1649-013 Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25757/invep.v10i1.202

Resumo

Pretende-se apresentar uma análise do papel desempenhado pela língua na metodologia de trabalho de projeto e das aprendizagens linguísticas assim desencadeadas. A partir da análise de materiais didáticos, produções das crianças, registos fotográficos de situações de ensino e aprendizagem e relatos de ocorrências, são discutidos tópicos em torno de dois eixos: a forma como as competências nucleares da língua contribuem para a realização de trabalhos de projeto (i) e o impulso que estes imprimem às aprendizagens linguísticas nos domínios referidos (ii). A análise realizada evidenciou a relação dialógica que se estabelece entre a construção de conhecimentos específicos relacionados com a temática dos projetos e a área científica ou artística em que se inserem e o desenvolvimento de competências linguísticas, destacando-se: a) a relevância de um trabalho explícito focalizado na didática da língua na preparação da realização de trabalhos de projeto e nas várias fases que estes atravessam; b) a riqueza de que se reveste esta metodologia para a contextualização das aprendizagens linguísticas; c) os benefícios que tais contextos envolvem para a construção de saberes em uso, de natureza complexa, que enformam o conceito de literacia e que potenciam o exercício da cidadania.

 

Palavras-chave: Metodologia de trabalho de projeto; Didática da língua materna; Integração curricular; Literacia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Patricia Ferreira, Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Lisboa

Patrícia Santos Ferreira licenciou-se em Educação (ensino do 1.º Ciclo), em 2006, na Escola Superior de Educação de Lisboa, onde concluiu, em 2013, o mestrado em Didática da Língua Portuguesa no 1.º e no 2.º Ciclos. Em 2018, concluiu o doutoramento em Educação - Formação de Professores, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. É professora adjunta na Escola Superior de Educação de Lisboa desde 2007 e investigadora no Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais. Tem experiência na lecionação de Português Língua Materna e Português Língua Estrangeira (PLE), participando em projetos de investigação nestas áreas.

Antónia Estrela, Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Lisboa; Universidade Nova de Lisboa

Antónia Estrela licenciou-se em Estudos Portugueses na Universidade
NOVA de Lisboa, em 2000, tendo aí concluído em 2006, o mestrado em
Linguística e, em 2013, o doutoramento na mesma área. Atualmente,
é
professora na Escola Superior de Educação do Instituto
Politécnico
de Lisboa e investigadora no Centro de Linguística da Universidade
NOVA. Desenvolve investigação em áreas como aquisição da
linguagem, sintaxe e escrita. Tem coordenado projetos financiados na
área da aquisição e didática da língua materna e não materna.

Referências

Alves Martins, M. (1989). A representação da palavra escrita em crianças de idade pré-escolar. Análise Psicológica, 7 (1-2-3), 415-

Alves Martins, M. (1994). Conceptualizações infantis sobre linguagem escrita e aprendizagem da leitura. Discursos. Estudos de Língua e Cultura Portuguesa, 8, 53-70.

Alves Martins, M. (1996). Pré-História da Aprendizagem da Leitura. Lisboa: ISPA.

Ausubel, D. P. (1963). The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune & Stratton.

Ausubel, D. P. (2000). The acquisition and retention of knowledge: A cognitive view. Dordrecht: Kluwert Academic Publishers.

Batista, Viana & Barbeiro (2011). O ensino da escrita: Dimensões gráfica e ortográfica. Lisboa: DGIDC.

Blumenfeld, P. C., Soloway, E., Marx, R. W., Krajcik, J. S., Guzdial, M. & Palincsar, A. (1991). Motivating Project-Based Learning: Sustaining the doing, Supporting the learning. Educational Psychologist, 26 (3-4), 369 – 398.

Carvalho, J. & Pimenta, J. (2000). Escrever para aprender, escrever para exprimir o aprendido. In Silva, B., Almeida, L. (coord). Actas do Congresso Galaico-Português de Psicopedagogia, 8. Braga: Centro de Investigação em Educação do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho, 1877-1885.

Correia, C. (2012). Aprender através de projetos. Escola Moderna, 43(5), 12-36.

Costa-Pereira, T., Sousa, O. & Matos, D. (2018). A escrita como função epistémica em projeto do 1.º ciclo do ensino básico de Lisboa: Escrever enquanto processo de organização e construção do conhecimento. In Nos domínios da escrita: estudos em abordagem processual. Editora do CCTA: Joa.

Dewey, J. (1933). How we think. Lexington: D.C. Health and company.

Dewey, J. (1968). Reconstruction in phylosophy. Boston: Beacon Press.

Dolz, J. (2018). Escrever uma explicação química no primeiro ciclo: o sumo de couve rouxa, um verdadeiro camaleão químico. In M. Gonçalves & N. Jorge (Orgs.), Literacia científica na escola (pp. 14 - 28). Lisboa: NOVA FCSH - CLUNL.

Edwards, C., Gandini, L. & Forman, G. (1999). As Cem Linguagens da Criança. Porto Alegre: Artes Médicas.

Estrela, A.; Ferreira, P. (2017). Competências linguísticas de estudantes de artes visuais e tecnologias à entrada do ensino superior. Atas do 12.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português: Língua e literatura na escola do século XXI. Lisboa: Associação de Professores de Português.

Ferreira, P. (2018). Formação inicial, conhecimento profissional e práticas em ensino e aprendizagem da gramática. (tese de doutoramento não publicada). Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Lisboa.

Fromkin, V.; Rodman, R. (1993). Introdução à linguagem. Trad. Isabel Casanova. [Reimp. 2001]. Coimbra : Almedina.

Giasson, J. (2011). La lecture: aprentissage et difficultés. Montréal: Gaetan Morin Éditeur.

Gonçalves, S. (Coord.). (2018). Ética e rigor na escrita académica. Coimbra: CINEP/ IPC.

Katz, L. & Chard, S. (2009). A Abordagem por Projectos na Educação de Infância. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Leite, E., Malpique, M. & Santos, M. R. (1989). Trabalho de Projecto - Leituras Comentadas. Porto: Edições Afrontamento.

Lisboa, I. (1943). Modernas Tendências da Educação. Lisboa: Biblioteca Cosmos.

Martins, M. A., & Niza, I. (1998). Psicologia da aprendizagem da linguagem escrita. Lisboa: Universidade Aberta.

Mata, L. (2008). A Descoberta da escrita: Textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: DGIDC.

Morin, E. (2002). Educação e complexidade: Os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez.

Niza, S. (1992). Nos 25 anos do Movimento da Escola Moderna Portuguesa. Lisboa: Cadernos de Formação Cooperada.

Peças, A. (1999). Uma cultura para o trabalho de projecto. Escola Moderna, 6(5), 56-61.

Perrenoud, P. (2001). Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora.

Rodrigues, L. C. S. (2009). Dificuldades de síntese na escrita de alunos do ensino superior politécnico. Tese de Doutoramento. Departamento de Didática e Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro, Aveiro.

Sim-Sim, I., S. A. C. & Nunes, C. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância. Lisboa: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.

Silva, I. L., Marques, l., Mata, L. & Rosa, M. (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

Sousa, H. (2007). O trabalho de projecto e a aprendizagem da Matemática: Uma experiência no 1º Ciclo do Ensino Básico. In L. Serrazina (Org.), Ensinar e Aprender Matemática no 1º Ciclo (pp. 48- 64). Lisboa: Texto Editores.

Sousa, O., Silva, M.C. & Ferreira, P. (2011). Da leitura à escrita: Desenvolvimento da Competência textual, In F. Azevedo & R. J., Souza, Géneros Textuais e Práticas Educativas (pp. 137 – 158). Lisboa: LIDEL.

Valadares, J. (2014). Organizadores Gráficos facilitadores da Aprendizagem Significativa Diagramas em Vê e Mapas de conceitos. Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa: Unidade de Investigação Educação e Desenvolvimento.

Vasconcelos, T. (Ed.) (2010). Trabalho de projeto na educação de infância. Ministério da Educação - DGIDC.

Vasconcelos, T.; Rocha, C.; Loureiro, C.; Castro, J.; Menau, J.; Sousa, O.; Hortas, M.; Ramos, M.; Ferreira, N.; Mel, N.; Rodrigues, P.; Mil-Homens, P.; Fernandes, S. & Alves, S. (2011).Trabalho por projectos na educação de infância: mapear aprendizagens, integrar metodologias. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

Viegas, F. & Nunes F. (2018). Literacia científica e transversalidade da língua portuguesa. In M. Gonçalves & N. Jorge (Orgs.), Literacia científica na escola (pp. 7 - 13). Lisboa: NOVA FCSH - CLUNL.

Downloads

Publicado

26-03-2020

Como Citar

Ferreira, P., Estrela, A., Oliveira, A. L., & Abrantes, A. (2020). Didática da Língua Materna e Metodologia de Trabalho de Projeto: Diálogos e Interseções. Da Investigação às Práticas: Estudos De Natureza Educacional, 10(1), 31–61. https://doi.org/10.25757/invep.v10i1.202

Edição

Secção

Artigos