“Os crescidos vão para o colo dos crescidos …é só os crescidos!” Direitos de Participação das Crianças em Centros de Acolhimento Temporário
DOI:
https://doi.org/10.25757/invep.v6i1.92Resumo
Resumo
O presente artigo parte da questão “Quais as vivências e a participação das crianças pequenas e quais as representações sociais dos adultos e crianças relativamente às crianças pequenas?”, em contexto de Centro de Acolhimento Temporário. Trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, nomeadamente com uma natureza etnográfica, onde se procurou colocar em diálogo duas áreas de conhecimento: a educação de infância e a sociologia da infância. As técnicas de investigação utilizadas foram as entrevistas-conversa, com as crianças mais crescidas; o questionário e o focus group, com os adultos; e a observação, com os bebés.
Conclui-se que os bebés (0 aos 2 anos) que se encontram em dois CAT parecem permanecer realmente numa invisibilidade social, não lhes sendo totalmente garantido o direito à participação. Isto derivado ao facto de não existir um modelo pedagógico (participativo) praticado neste contexto com estas crianças e permanecerem representações e imagens sobre as crianças assentes numa perspetiva de passividade, incompetência e incapcidade.
Palavras-chave: Participação dos bebés; Acolhimento Institucional; Direitos da Criança
Abstract
This article started from the question «What are the little children’s experiences and participation and what are the social representations of adults and children regarding little children? », in Temporary Foster Homes (TFH). This research is of a qualitative nature and, in fact, adopts an ethnographic nature. It tries to create a dialogue between two fields of knowledge: childcare and sociology of childhood. The research methodologies used were interviews for the oldest children; quizzes and focus groups for the adults; and, mainly, observation for the babies.
With this research we can conclude that babies (from 0 to 2 years old) that live in two TFH located in the district of Lisbon seem to remain in their social invisibility, without being granted any right to participation. This is due to the fact that there isn’t a pedagogic (participatory) model in practice in this context with these children and that the representations and children’s image is still based on perspective declaring it as a passive, incompetent and unable being.
Keywords: Babies’ participation, Institutional Fostering, Children’s Rights
Downloads
Referências
Coutinho, A. (2010). A ação social dos bebés: um estudo etnográfico no contexto da creche. (Dissertação de Doutoramento, Universidade do Minho, Braga). Consultada em https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/11336/1/tese.pdf
Cunha, V. (2007). O lugar dos filhos. Ideias, práticas e significados. Lisboa: ICS.
Coelho, A. M. S. (2004). Educação e cuidados em creche. Conceptualizações de um grupo de educadoras. (Dissertação de Doutoramento, Universidade de Aveiro). Consultado em: https://www.esec.pt/cdi/ebooks/DOCENTES/A_Coelho/Tese.pdf
Delgado, A. C. & Nörnberg, M. (2013). Do abrir-se aos pontos de vista e forças do desejo dos bebés e crianças bem pequenas. Linhas Críticas, 19(38), pp. 147-167.
Fernandes, N. (2006, janeiro/junho). A investigação participativa no grupo social da infância. Currículo sem Fronteiras, 6(1), pp. 25-40.
Fernandes, N. (2009). Infância, direitos e participação. Representações, Práticas e Poderes. Porto: Edições Afrontamento.
Ferreira, M. (2004). «A Gente Gosta é de Brincar com os Outros Meninos!» Relações Sociais Entre Crianças num Jardim de Infância. Porto: Edições Afrontamento.
Ferreira, M. (2010). “- Ela é nossa prisioneira!” – questões teóricas, epistemológicas e ético-metodológicas a propósito dos processos de obtenção da permissão das crianças pequenas numa pesquisa etnográfica. Revista Reflexão e Ação, 18(2), pp.151-182.
Guerra. I. (2006). Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo. Sentidos e formas de uso. Cascais: Princípia
Lopes, J. (1998). A cidade e a cultura. Um estudo sobre práticas culturais urbanas. (Dissertação de Doutoramento, Universidade do Porto). Consultado em: http://bocc.ubi.pt/pag/teixeira-joao-lopes-cidade-cultura.html
Oliveira-Formosinho, J. (2007). Pedagogia(s) da infância: Reconstruindo uma praxis de participação. In J. Oliveira-Formosinho, T. M. Kishimoto e M. Pinazza (Orgs.).Pedagogia(s) da Infância: Dialogando com o Passado, Construindo o Futuro. Porto Alegre: Artmed Editora. pp. 13-36.
Oliveira-Formosinho, J. (Org.) 2013. Modelos Curriculares para a Educação de Infância. Porto: Porto Editora
Oliveira-Formosinho, J. & Araújo, S. (2013). Educação em Creche: Participação e Diversidade. Porto: Porto Editora
Sarmento, M. (2011). Entrevista: Estamos longe de garantir o direito à participação das crianças. Consultado em http://www.deolhonoplano.org.br/not0036.html
Sarmento, M. (2000). Os Ofícios da Criança. In Actas do Congresso Internacional “Os Mundos Sociais e Culturais da Infância”, Braga, Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, Vol. II, pp. 125 – 145.
Sarmento, M. (2004). As culturas da infância. Consultado em: https://iehost.net/pdf/encruzilhadas.pdf
Sarmento, T. & Marques, J. (2006). A participação das crianças nas práticas de relação das famílias com as escolas. Revista Interacções, 2, pp. 59 – 86.
Soares, N. F. (2006). A investigação participativa no grupo social da infância. Currículo sem Fronteiras, 6(1), 25-40.
Tomás, C. (2007). Participação não tem idade. Contexto & Educação, 78, pp. 45-68.
Tomás, C. (2011a). «Há muitos mundos no mundo» Cosmopolitismo, participação e direitos da criança. Lisboa: Edições Afrontamento.
Tomás, C. (2011b). Ensaio sobre os direitos das crianças pequenas num contexto de crise. Cadernos de Educação de Infância, 93.
Vasconcelos, T. (2011). Recomendação nº 3/2011. A educação dos 0 aos 3 anos. Lisboa: CNE.
Woods, P. (1987). La escuela por dentro. La etnografia en la investigación educative. Barcelona: Paidós.
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os artigos da revista Da Investigação às Práticas: Estudos de Natureza Educacional estão licenciados conforme Creative Commons Attribution License (CC BY-NC 4.0) Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação. Os artigos estão simultaneamente licenciados sob a Creative Commons Attribution License que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da sua autoria e da publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para disponibilizar a versão do texto publicada na Da Investigação às Práticas: Estudos de Natureza Educacional sem custos em repositórios institucionais ou outras plataformas de distribuição de trabalhos académicos (p.ex. ResearchGate), com a devida citação ao trabalho original.
A revista não aceita artigos que estejam publicado (exceto sob a forma de resumo ou como parte de uma tese), submetidos ou sejam submetidos durante o processo editorial a outras revistas ou publicações. Após publicado o artigo não pode ser submetido a outra revista ou publicação parcial ou totalmente sem autorização da coordenação editorial da Investigação às Práticas: Estudos de Natureza Educacional.