"Funil" ou "Funiu"?: um estudo exploratório sobre o desenvolvimento do conhecimento de padrões ortográficos de natureza morfossintática em português brasileiro

Autores

  • Cláudia Cardoso-Martins Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Daniela Teixeira Gonçalves Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.25757/invep.v7i3.138

Resumo

Este estudo examinou o desenvolvimento do conhecimento de padrões morfofônicos em português brasileiro. Crianças matriculadas em classes do 2º ao 5º ano do ensino fundamental foram solicitadas a escrever dois grupos de palavras com correspondências fonema/grafema inconsistentes: palavras com correspondências condicionadas pela morfossintaxe (e.g., /iw/ no final de palavras oxítonas é representado pelo grafema IU se a palavra é um verbo, mas pelo grafema IL se a palavra é um substantivo), e palavras com correspondências fonema-grafema incondicionadas (e.g., /ʃ / pode ser representado por X ou CH). Somente a partir do 4o ano do ensino fundamental as crianças mostraram uma clara vantagem para as palavras do primeiro grupo em relação àquelas do segundo, sugerindo que o desenvolvimento da sensibilidade a padrões ortográficos morfofônicos procede vagarosamente em português brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Cláudia Cardoso-Martins, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professora titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Belo Horizonte, MG, Brasil.

 

Daniela Teixeira Gonçalves, Universidade Federal de Minas Gerais

 

Estudante de doutorado

Referências

Alegria, J., & Mousty, P. (1996). The development of spelling procedures in French-speaking, normal and reading-disabled children: effects of frequency and lexicality. Journal of Experimental Child Psychology, 63, 312-338. doi: 10.1006/jecp.1996.0052

Barbosa, V. R., Guimarães, S. R. K., & Rosa, J. (2015). O Impacto do Ensino de Regras Morfológicas na Escrita. Psico-UDF, 20(2), 309-321. Doi: 10.1590/1413-82712015200211

Bourassa, D. C., & Treiman, R. (2008). Morphological constancy in spelling: A comparison of children with dyslexia and typically developing children. Dyslexia, 14(1), 155-169. DOI: 10.1002/dys.368

Bourassa, D. C., Treiman, R., & Kessler, B. (2006). Use of morphology in spelling by children with dyslexia and typically developing children. Memory & Cognition, 34(3), 703-714. doi:10.3758/BF03193589

Capellini, S. A., Amaral, A. C., Oliveira, A. B., Sampaio, M. N., Fusco, N. Cervera-Mérida, J. F. Ygual-Fernández, A. (2011). Desempenho ortográfico de escolares do 2º ao 5º ao do ensino público. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 23(3), 227-236.

Diuk, B., Borzone, A. M., Abchi, V. S., & Ferroni, M. (2009). La adquisición de conocimiento ortográfico em niños de 1er a 3er año de educación básica. PSYKHE, 18(1), 61-71.

Ehri, L. (2005). Development of sight word reading: Phases and findings. In M. Snowling & C. Hulme, (Eds.), The science of reading, a handbook (pp. 135-154). UK: Blackwell.

Ferreiro, E., & Teberosky, A. (1982). Literacy before schooling. New York: Heinemann.

George, D., & Mallery, M. (2013). IBM SPSS Statistics 21 Step by Step: A Simple Guide and Reference. Boston, MA: Pearson.

Gonçalves, D. T. & Cardoso-Martins, C. (2017). O desenvolvimento do conhecimento de regras de contexto grafo-fônico em português brasileiro. Manuscrito em preparação.

Gonçalves, D. T. (2016). O desenvolvimento do conhecimento ortográfico em crianças com transtorno específico da aprendizagem da leitura (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

Guimarães, S. R. K., de Paula, F. V., Mota, M. M. P. E., & Barbosa, V. R. (2014). Consciência morfológica: que papel exerce no desempenho orográfico e na compreensão da leitura. Psicologia USP, 25(2), 201-212. doi: 10.1590/0103-6564A20133713

Hayes, H., Treiman, R., & Kessler, B. (2006). Children use vowels to help them spell consonants. Journal of Experimental Child Psychology, 94(2006), 27-42. doi: 10.1016/j.jecp.2005.11.001

Horta, I. V. & Martins, M. A. (2004). Desenvolvimento e aprendizagem da ortografia: Implicações educacionais. Análise Psicológica, 23(1), 213-223.

Kessler, B., Pollo, T. C., Treiman, R., Cardoso-Martins, C. (2013). Frequency analyses of prephonological spellings as predictors of success in conventional spelling. Journal of Learning Disabilities, 46, 252-259.

Landerl, K., & Wimmer, H. (2000). Deficits in phoneme segmentation are not the core problem of dyslexia: Evidence from German and English children. Applied Psycholinguistics, 21(2), 243. doi: 10.1017/S0142716400002058

Mota, M. M. P. E. & da Silva, K. C. A. (2007). Consciência morfológica e desenvolvimento ortográfico: Um estudo exploratório. Psicologia em Pesquisa, 1(2), 86-92.

Mota, M. M. P. E., dos Santos, A. A. A., Dias, J., Paiva, N., Lisboa, S. M., & Silva, D. A. (2008). Relação entre consciência morfológica e a escrita em crianças do ensino fundamental. Psicologia em Pesquisa, 2(2), 51-60.

Nunes Carraher, T. (1985). Explorações sobre o desenvolvimento da competência em ortografia do português. Psicologia, Teoria e Pesquisa, 1, 269–617.

Nunes, T., Bindman, M., Bryant, P. (1997). Morphological spelling strategies: Developmental stages and processes. Developmental Psychology, 33 (4), 637-649.

Pacton, S., Foulin, J. N., Casalis, S. & Treiman, R. (2013). Children benefit from morphological relatedness when they learn to spell new words. Frontiers in Psychology, 4(1), 1-7. doi: 10.3389/fpsyg.2013.00696

Perfetti, C. (2011). Phonology is critical in reading but a phonological deficit is not only source of low reading skill. In Brady, S. A., Braze, D., & Fowler, C. A. (Eds.) Explaining individual differences in reading: Theory and evidence. New York: Psychology Press.

Pinheiro, A. M. V (2015). Frequency of occurrence of words in textbooks exposed to Brazilian children in the early years of elementary school. Childes - Child Language Data Exchange System. http://childes.talkbank.org/derived

Pollo, T. C. (2008). The nature of young children’s phonological and non-phonological spellings (Tese de doutorado), Universidade de Washington, Saint Louis.

Rego, L. L. M. & Buarque, L. L., (1997). Consciência sintática, consciência fonológica e aquisição de regras ortográficas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 10 (2), 199-217.

Rosa, C. C., Gomes, E., & Pedroso, F. S. (2012). Aquisição de sistema ortográfico: Desempenho na expressão escrita e classificação dos erros ortográficos. Revista CEFAC, 14(1), 39-45. doi: 10.3389/fpsyg.2013.00696

Scliar Cabral, L. (2003). Princípios do Sistema Alfabético do Português do Brasil. São Paulo: Contexto.

Secretaria de Educação Fundamental-Ministério da Educação (1997). Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC.

Senechal, M. (2000). Morphological Effects in Children´s Spelling of French Words. Canadian Journal of Experimental Psychology, 54(2), 76-85.

Share, D. (1995). Phonological recoding and self-teaching: sine qua non of reading acquisition. Cognition, 55, 151-218.

Stein, L. M. (1994). TDE: Teste de Desempenho Escolar: Manual para aplicação e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Totereau, C., Thevenin, M. & Fayol, M. (1997). The Development of understanding of number morphology in written French. In: Perfetti, C., Rieben, L., & Fayol, M. (Eds). Learning to spell. Hillsdale, NJ: Erlbaum.

Treiman, R., Cassar, M., & Zukowski, A. (1994). What types of linguistic information do children use in spelling? The case of flaps. Child Development, 65, 1310–1329.

Treiman, R., & Kessler, B. (2006). Spelling as statistical learning: Using consonantal context to spell vowels. Journal of Educacional Psychology, 98(3), 642-652. doi: 10.1037/0022-0663.98.3.642

Treiman, R., & Kessler, B. (2014). How children learn to write words. New York: Oxford University Press.

Treiman, R., Kessler, B., Zevin, J., Bick, S., & Davis, M. (2006). Influence of consonantal context on the Reading of vowels: Evidence from children. Journal Experimental Child Psychology, 93, 1-24. doi: 10.1016/j.jecp.2005.06.008

Vale, A. P. (2011). Orthographic context sensitivity in vowel decoding by Portuguese monolingual and Portuguese-English bilingual children. Journal of Research in Reading, 34(1), 43-58. doi: 10.1111/j.1467-9817.2010.01482.x

Wechsler, D. (2002). WISC-III: Escala de Inteligência Wechsler para Crianças: Manual/ David Wechsler, 3ª ed.; Adaptação e Padronização de uma amostra Brasileira, 1ª ed.; Vera Lúcia Marques de Figueiredo. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Wimmer, H., Mayringer, H., & Landerl, K. (2000). The double-deficit hypothesis and difficulties in learning to read a regular orthography. Journal of Educational Psychology, 92(4), 668-680.

Downloads

Publicado

28-09-2017

Como Citar

Cardoso-Martins, C., & Gonçalves, D. T. (2017). "Funil" ou "Funiu"?: um estudo exploratório sobre o desenvolvimento do conhecimento de padrões ortográficos de natureza morfossintática em português brasileiro. Da Investigação às Práticas: Estudos De Natureza Educacional, 7(3), 41–60. https://doi.org/10.25757/invep.v7i3.138

Edição

Secção

Artigos