Os estudantes da escola básica e a formação docente na universidade, diálogos
DOI:
https://doi.org/10.25757/invep.v9i1.177Resumo
O objetivo deste estudo é apresentar contribuições de estudantes de meios populares para a formação do professor da escola básica. O trabalho teve como principal objetivo investigar quais relações os estudantes entre 11 e 15 anos estabelecem com os saberes escolares. Foi desenvolvido com base no pensamento de Charlot (2000), especialmente suas formulações sobre leitura positiva e fracasso escolar. A pesquisa teve como referência metodológica o Grupo Dialogal, que, em muitos aspectos, relaciona-se com o Grupo Focal Kincheloe e Berry (2007), atendendo às exigências éticas instituídas por pesquisadores brasileiros. Foram realizados cinco encontros ao longo de 14 meses. Os campos teóricos foram estruturados em torno dos temas os jovens e o saber, os sentidos do estudar e as práticas pedagógicas. Buscou-se compreender o estudante como sujeito de direito, como parte integrante de um processo e não como alguém que necessita da escola para “tornar-se alguém” (Garcia e Moreira, 2006). Os resultados nos informam que todas as relações que estabelecem nas escolas são determinantes para suas aprendizagens e que vivenciam experiências contraditórias nas escolas, o que nos levou a questionar as relações entre ensinar e aprender. Estas contribuições foram examinadas em diálogo com Paro (2003) quando debate a naturalização do “fracasso escolar”, e Almeida (2012), que nos questiona quanto à valorização da dimensão pedagógica nas licenciaturas. O trabalho indica duas dimensões que nos desafiam na formação de professores: formar para escolas democráticas e formar professores para não naturalizar o fracasso escolar.Downloads
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