Editorial

 

Margarida Rodrigues, Carolina Gonçalves, Catarina Tomás, Marina Fuertes, Otília Sousa
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa

 

O número 1 do volume 5 da revista Da investigação às Práticas : Estudos de Natureza Educacional congrega estudos nacionais e internacionais em Educação, de natureza empírica e teórica, em áreas diversificadas como a sociologia das organizações escolares, a educação de infância, a avaliação de desempenho docente no Ensino Básico, o currículo escolar e a compreensão da leitura. A diversidade de temáticas, bem como a discussão de propostas educacionais em diferentes níveis educativos, desde a educação de infância até ao ensino universitário, evidencia a pluralidade e a abrangência que caracterizam a revista.

O roteiro que fazemos neste número leva-nos a uma reflexão que se pode caraterizar pela sua abrangência, pela multidisciplinaridade e pela atenção prestada aos problemas epistemológicos, teóricos, pedagógicos, históricos e sociais colocados aos profissionais ou futuros profissionais da educação, considerada neste número na sua vastidão e heterogeneidade, ou seja, na assunção das experiências de cariz formal, não-formal e informal, em Portugal, no Brasil ou na Polónia.

A iniciar o número, o artigo Alguns aspetos psicológicos do grupo de crianças no Jardim de Infância, de Holger Brandes, apresenta uma análise qualitativa dos processos interativos entre pares de crianças em idade pré-escolar, discutindo a formação da capacidade de relacionamento em grupo e seu contributo para o desenvolvimento da criança. O artigo salienta que os relacionamentos estabelecidos em grupo de crianças decorrem da aprendizagem ocorrida nas esferas da brincadeira, não-brincadeira e meta-comunicação. O tempo e o tipo de envolvimento em grupo podem ser elementos importantes no desenvolvimento da criança, podendo o educador ter um papel facilitador dessas dinâmicas.

Maria de Fátima Sanches e Mariana Dias em Liderança em Agrupamentos de Territórios de Intervenção Prioritária: Imperativos, contingências e lógicas de acção apresentam um estudo de caso que incide na ação de liderança num agrupamento de escolas, identificando contingências e imperativos inerentes ao processo de implementação do programa TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária) nesse agrupamento. Foram identificadas lógicas de ação de liderança em fases diferenciadas, tendo emergido, numa fase inicial, resistência à mudança, numa segunda fase, exigência e rigor avaliativo, e, numa terceira fase de transição, a consciência do progresso a perspetivar.

No artigo Avaliação de desempenho docente, supervisão e desenvolvimento profissional, Ana Patrícia Silva, Maria da Conceição Machado e Teresa Leite apresentam os resultados empíricos de dois estudos , incidentes no papel da supervisão pedagógica na avaliação de desempenho docente. A investigação realizou-se num agrupamento de escolas e envolveu docentes dos 1.º e 2.º/3.º ciclos. As autoras concluem que a competência dos avaliadores como supervisores e como professores e a existência de uma cultura colaborativa entre os docente s constituem fatores dos contornos específicos tomados pelo papel da supervisão na avaliação de desempenho.

O texto Experiência, transformação social e currículo escolar: Contribuições de Paulo Freire da autoria de Andréa Rosana Fetzner remete-nos para o debate sobre qualidade educacional a partir do trabalho desenvolvido por Paulo Freire, com especial enfoque na relação entre experiência, currículo escolar e transformação. A autora defende a necessidade de (re)construir a Escola a partir de uma perspetiva democrática.

O texto de Francisco Sousa, O desenvolvimento de um modelo de ensino virtual num contexto de investimento incipiente em e-learning: Progressos e desafios apresenta-nos um modelo de ensino virtual em curso na Universidade dos Açores. Os desafios que se colocam hoje à educação com o desenvolvimento do e-learning são discutidos a partir de um processo de investigação assente no design curricular. O autor apresenta-nos a experiência, a sua implementação, o seu desenvolvimento, bem como a sua avaliação.

Encerra o número, o artigo Compreensão na leitura num manual de Estudo do Meio, de Teresa Costa, Otília Costa e Sousa e Adriana Cardoso, que apresenta a análise dos textos expositivos e das questões que os acompanham no manual de Estudo do Meio do 4.º ano mais adotado em Portugal, no ano letivo de 2010/2011. O artigo enfatiza que o manual analisado se limita a apresentar um texto para cada conteúdo do programa, seguido de um questionário predominantemente com questões literais, não se identificando no mesmo a definição de estratégias de compreensão na leitura, ignorando a importância dos alunos serem chamados a construir o conhecimento através do desenvolvimento de competências para selecionar, interpretar e organizar a informação presente nos textos expositivos.